Mario Quintana escreveu: "Na convivência, o tempo não importa. Se for um minuto, uma hora, uma
vida. O que importa é o que ficou deste minuto, desta hora, desta vida."
Conviver é muito saudável. Receber alguém em casa, encontrar na rua ou
qualquer outro lugar agradável e trocar um 'olá'’, sorrir e dar um bom dia
sincero, abraçar apertado e com carinho, demonstrar nossa afetividade e
dizer o quanto aquele ser é importante para nós. Faz bem a quem recebe tais
afagos e a quem os oferece, pois é uma troca humana sem preço. É algo que
faz a diferença e torna a vida mais especial. Numa época de tantas brigas,
conviver em paz é contribuir para um mundo melhor. Nem sempre é fácil,
devido as diferenças comportamentais, mas é extremamente necessário
respeitar e entender as diversidades de gostos e opiniões, buscando uma
existência mais amena. É o aceitar o outro para ser aceito...
Tempos atrás as pessoas conversavam mais,
tinham o hábito da convivência verdadeira. Assentavam-se à beira da calçada
e contavam histórias, falavam sobre vida, divertiam-se bem mais. Hoje há
muitas inversões de valores. A tecnologia chegou como facilitadora dos
contatos, mas por muitos é usada de forma equivocada. Na ilusão da
quantidade, perdem em qualidade e viram ilhas isoladas no meio de um oceano
de afeições e vozes abafadas. Quantas vezes estão dentro da própria casa e
não se comunicam com palavras! Usam só mensagens automáticas. Assistem
televisão, mas se alguém der opinião ou fizer comentário, sempre ouvirá um
pedido de silêncio. E é um silêncio contínuo. Muitos se assentam como
autômatos, assistem um programa e continuam robotizados ao se levantarem e
saírem de frente à TV. E com isso perde-se a grande oportunidade de
conversar, trocar opiniões, conviver em família. Reitero que esses veículos
são muito úteis. A televisão nos permite viajar e conhecer o mundo. Pela
internet e pelo celular podemos também conhecer o mundo e resolver situações
importantes com um toque. Dar um recado, informar, combinar alguma coisa...
Mas tudo isso pode ser praticado sem perdermos a relação bonita do diálogo
cara a cara. Um não deve acontecer em detrimento do outro. WhatsApp e outras
modernidades ajudam muito, mas o que mais nos liga afetivamente é a
convivência que se faz com abraços, olhares, palavras..., CONVIVÊNCIA...
Sorrisos sinceros, apertos de mão, abraços,
conversas legais, olho no olho, tornam a vida mais prazerosa. Nós temos isso
na tecnologia? Não! Temos referências a isso pelas mensagens enviadas e
recebidas, mas nem sempre é desejado ou recebido com sinceridade. O contato
físico entre os seres possibilita mais satisfação, pois nos sentimos mais
inseridos no grupo social, mais próximos uns dos outros, mais vivos. Nosso
objetivo não é criticar aparelhos que adiantam a vida, pois também fazemos
uso deles. Apenas focamos na falta de convivência, que todos ou quase todos
sentem. Faltam conversas agradáveis e sobra distanciamento. Não
generalizando, claro, mas algumas pessoas estão próximas sem conviverem. Há
uma carência disseminada. Há solidão dentro dos lares, há um universo que
precisa ser novamente humanizado. Por que enviarmos mensagem para alguém que
está perto? Não é melhor dirigir-lhe a palavra? Por que não emitirmos
comentários durante um programa de televisão? Precisamos ser interativos.
Por que é preciso pedir 'pelo amor de Deus' para alguém tirar os olhos da
rede social e nos ouvir por uns minutos? São aspectos que criam afastamento
entre todos e perde-se a oportunidade da convivência real, que faz bem, nos
faz sentir reais habitantes do Planeta Terra. Conviver! Este é o caminho
para sermos mais humanos!
Falando sobre pessoas e sentimentos, Caio
Fernando Abreu nos diz: "Nós tínhamos uma coisa que eu chamo de 'identificazzione
di una donna'. Era uma aproximação de alma que rolava comigo, com você,...
pessoas sensíveis que tem uma alma parecida. As coisas que a gente escolhia
para enxergar nesse mundo eras parecidas. Apontávamos para os mesmos
lugares." Conviver requer contatos: atitudes, palavras, pensamentos,
sentimentos. É isso que nos permite vermos mais a luz do que a treva, mais o
jardim do que o pântano, mais amor e união do que atritos e discórdia. A
convivência nos brinda com vida mais plena. Conviver, iluminar, viver!
Estamos em clima de Natal e ano novo.
Aproveitemos esse momento para buscarmos mais afetividade e aproximação. Mas
o ideal é não pararmos quando as festas terminarem. O natal de Jesus deve
ser o ano inteiro. A convivência real e viva deve ser contínua também.
Fundamental que Jesus renasça em nosso coração, em nossa mente e em nossa
prática diária todos os dias. E para isso nós precisamos reverter o quadro
da nossa postura, fazendo a nossa parte. Usando a tecnologia, mas não
perdendo de vista o principal: a alma humana.
Como nos diz Carl G. Jung: "Conheça todas as teorias, domine
todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma
humana." Se até os irmãozinhos animais nos dão grandes exemplos e
ensinam belíssimas lições de convivência, isso nos sugere que devemos nos
aproximar mais, conversarmos com mais alegria, abraçarmos com mais emoção,
sorrirmos com mais humanidade, trocarmos olhares e apertos de mão com mais
suave energia, convivermos com mais intensidade, e naturalmente, sermos de
verdade ALMAS HUMANAS TOCANDO OUTRAS ALMAS HUMANAS... Abençoado Natal e Ano
Novo para todas as pessoas! Que saibamos aproveitar essa atmosfera de paz
para termos como meta a mais agradável e positiva convivência...
|