Vou escrever um pouco mais sobre meu bisavô Neneca de Almeida. Seu
nome era Manoel Antônio de Almeida, cc Maria Ignácia de
Oliveira. Foi proprietário da fazenda dos Arrependidos, situada
entre Penido e Valadares, ao lado da via permanente que ia de
Juiz de Fora a Lima Duarte. Quem olhar aquele platô ao pé de
dois morros altos, não acredita que ali era a fazenda dos
Arrependidos. Não conheci meu bisavô, pessoalmente, pois, apenas
fui a sua casa quando ele estava pra morrer e não tive acesso ao
seu quarto. Naquele tempo, existia o péssimo costume, horrível
mesmo, de parentes se aboletarem na casa do moribundo esperando
sua morte e o velório. Assim, o doente quase sentia na obrigação
de morrer, para atender o pessoal em volta dele, que pululavam
como aves de mau agouro. Eu os ouvi papaguear algumas vezes: "Acende
a vela, ponha na mão dele; pegue o retrato de Nossa Senhora e
ponha no seu peito!" Assim aconteceu com meu bisavô, um
show de horror aos meus olhos de criança. Em sua casa/fazenda,
arrodiado de vinte ou mais pessoas, ele agonizava, esperando o
terror das gentes, e enquanto ele não vinha, os presentes
(parentes ou não) comiam e dormiam e rezavam o terço... e comiam
e choravam. Evidente, o pessoal comeu tudo, antes que ele
atendesse os reclames da morte. E quando ele finalmente se foi,
pouca coisa restava. Meu bisavô era muito bom e talvez muito
bobo. No tempo da construção do ramal de Lima Duarte, a estrada
de ferro estancou em Penido e viajantes pernoitavam e comiam a
custa de meu bisavô, fossem estranhos, amigos ou parentes.
Também, no tempo das águas, e naquele tempo chovia muito mais
que hoje em dia, o dilúvio inundava as várzeas: tropeiros
empreiteiros, viajantes, com destino além Penido, ficavam dias e
mês na fazenda de meu bisavô, comendo, bebendo, dando pasto a
bois e alimárias. Ele foi hipotecando terras aos comerciantes ou
atacadistas; a onzeneiros de Juiz de Fora, e aos bancos; por
fim, eles as tomaram como pagamento de dívidas não pagas ou
honradas. Assim, a fazenda dos Arrependidos foi parar em outras
mãos.
Sobre a bondade inata de Papai Neneca tenho este
testemunho: Certa feita ouviu-se barulho no chiqueiro, o latido
de cachorros e ele chegando à varanda, viu um vulto no paiol de
milho. Seu filho Nenego chegou com espingarda, engatilhada,
disposto a atirar no intruso. Foi Papai Neneca que gritou: "Foge
ladrão, foge! Senão Nenego te mata!" Esta é a lenda...
Papai Neneca (nós o chamávamos assim) morreu pobre, mas
rico em filhos que foram estes:
*Francisco Manoel de Almeida, ccMaria Ignácia de Oliveira
(Nhanhá);
José Augusto de Almeida (Nenego) não se casou;
Joaquim Geraldo de Almeida Cc (?);
**Edwiges Adelaide de Almeida Guedes Cc Altivo Guedes de Morais;
***Guilhermina de Almeida Pinto (Bamina) Cc José Pereira Pinto
(José Anjo)
Maria Nazaré de Almeida Cc Francisco Aquino Oliveira;
Teresa de Almeida Cc Olívio Gomes da Costa (Tete);
Ana Umbelina de Almeida Cc João Carlos Rezende;
Manoela de Almeida Cc (?);
Olívia??? Cc.
*São os pais de Maria das Dores de Almeida ccJoão Domingos de
Oliveira (genitores do autor destas linhas).
**A genealogia de Edwiges Adelaide de Almeida Paiva
está amplamente desenvolvida no blog Sebastião de Almeida Paiva.
Alguns dados pinçados no blog supracitado:
Uma filha (Conceição Guedes de Almeida) casou-se Emílio Pereira
de Paiva. Eles são os pais de Sebastião de Almeida Paiva, médico
cardiologista, residente em Juiz de Fora, casado com Marília
Catão de Almeida Paiva.
*** Guilhermina de Almeida Pinto cc José Pereira Pinto, com esta
prole: José cc Therezinha; Verônica de Almeida Pinto cc Geraldo
de Paiva Matos(1);Maria Almeida Polycc Joaquim Poly; Adelaidecc
Augusto Teixeira; Conceição cc José Prudente; Paulo cc Regina;
Manoel cc Emília Cabral Pinto;Ignácia (Inacinha) cc José
Pereira; Celina ccDiger; Raimundo (padre); Gaspar (padre) e
Carminha (irmã professa).
(1) Eu, Asséde morei em Volta Redonda com o casal Geraldo e
Verônica, donos da sapataria Clélia, sita à av. Amaral Peixoto.
Conheci suas filhas Cleusa e Leila. Gostaria de renovar nosso
contato.
Autor: Asséde Paiva
Volta Redonda, 15/4/2013
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