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por Asséde
Paiva
(rosarense), bacharel em
Direito e Administrador. Autor de Organização de
cooperativas de consumo (premiado no IX Congresso Brasileiro
de Cooperativismo, em Brasília); Brumas da história do
Brasil. RIHGB nº 417, out./dez. 2002; Possessão, São Paulo:
Ícone Editora, 1995; O espírito milenar, Goiânia: Editora
Paulo de Tarso, s.d. Trabalhou na CSN 35 anos. |
4588 acessos. |
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Rio Paraibuna II (Continuação) |
Viver é muito dificultoso... até para os rios.
(Eu) |
Continuando nossas divagações sobre o rio Paraibuna mister se
faz um esclarecimento: não estamos preocupados com números,
mapas, estatísticas, planos e projetos. Vimos na internet que há
dezenas, talvez centenas de bons trabalhos (teses de mestrado e
doutorado), acordos e convênios. Nós olhamos o rio como um ser
vivo e parte da mãe Terra, Gaia. Vimo-lo como vemos artérias e
veias, tão necessárias ao homem e, por analogia, os rios são
necessários a terra. Somos terráqueos, mas somos 80% água. O
planeta Terra tem coberto 2/3 da superfície com água; é justo,
pois, que nos preocupemos ou, então um dia, seremos todos
marcianos. Não queremos pagar para ver, não é? Não quero só
repetição daquele abraço de 1988... Quero ações, ações, ações.
Ah, angústias e desventuras de um rio ameaçado... Conhece a
frase "A queda de uma pétala de rosa perturba a mais
distante estrela"... é por aí.
Na poesia de Gerson Guedes podemos sentir sua profunda revolta
pelo que acontece ao Paraibuna. É tanta agressão, que ele
deliberadamente trocou o nome, inverteu para ...anubiaraP.
Paraibuna, no avesso, evoca ideia de podridão, pestilência,
significa que o rio é ou está podre, pobre de água e de vida
aquática, que pena! Eis seu poema:
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Parahybuna
O rio, as margens, o tempo…
Paraybuna
Traçado cristalino
Riscando a Mantiqueira.
Rio dos "caxinoás",
Dos dourados, traíras, lambaris, cascudos e acarás.
Águas turvas,
|Margens alagadiças
Das araucárias, aroeiras e camarás.
Rio barro,
Rota de aventuras e tocaias,
Bússola dos bandeirantes,
Saga do ouro e do sal,
Guia de tropeiros…
Caminho Novo
Paraybuna
Serpente barrenta e silenciosas
Engolindo cidades,
Cachoeiras, hidrelétricas…
Teares progresso…condenação.
"…Paraibuna
De margens acolhedoras
Onde aos sábados, prostitutas se esmeram
E aos domingos uma feira etílica se acotovela
Vendendo cacos e almas”.
"…anubiaraP
De pneus e pet's
Do mercúrio e do chumbo,
De capivaras persistentes
De molinetes utópicos
Rio de muitas histórias,
Deságue de minhas escórias,
Espelho de nossa indiferença”
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Acima, o rio Paraibuna, em Paraibuna, nos dias de hoje.
A seguir, quadro de um viajante, pintor retratando a travessia
há mais ou menos 189 anos: |
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Rugendas, João Maurício. Viagem Pitoresca através do Brasil.
5ª ed. São Paulo: Livraria Martins Editora, 1954. |
Nota: Divisa do Estado do Rio e Minas Gerais
entre 1822-1825. Observe a grandeza do rio Paraibuna.No quadro
de Rugendas se vê a exuberante floresta; a fauna humana era,
então, muito rala. Rugendas na mesma época, retrata o início do
fim (ver quadro derrubada), graças aos machadeiros,e às
queimadas para abertura de estradas, pastagens, lavouras de café
e outras. Quando John Mawe, viajante inglês passou neste lugar,
em 1809, disse que o rio Paraibuna era do tamanho do rio Tâmisa,
em Westminster [Inglaterra]. In Viagem ao interior do Brasil,
p149. Hoje em dia, pesca-se salmão no rio Tâmisa.
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A derrubada (Rugendas) |
Pesquisadores, cientistas têm afirmado que se nada for feito, o
Paraibuna estará morto em 20 anos. Nunca vi tanta complacência!
Comecem a trabalhar agora, já, o tempo urge, ou vão esperar os
vinte anos para ver se acontece o previsto?
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Tolleet lege (Toma e lê)
Testemunho...dado
Tudo foi azul
Tudo foi dito
Tudo se sabe
Tempos de agir ou
Tudo será destruído?
Tragédia ecológica à vista
Terminação...
Talvez a Lua volte a
se ver em águas límpidas...
T a l v e z
. . .
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Lembre-se de que tudo está interligado; ao descartar um papel no
chão, você estará desencadeando incrível dano à natureza.
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Texto publicado no Benficanet em
12/01/2013 |
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Comentários:
Miguel Ribeiro Gomide - Juiz de Fora - MG - 15/01/2013
É necessário que o conceituado escritor Asséde Paiva
continue sua campanha pela saúde do Paraibuna. Ele não está
sozinho nesta batalha ecológica, embora os predadores sejam em
número maior. O jornal Hoje em Dia em sua edição de 14/01/02013
comenta o livro \"História do Rádio no Brasil\", autoria da
jornalista Magali Prado, Editora Boa Prosa. Lá está: \"Em Minas
Gerais, a pioneira foi a Rádio Sociedade de Juiz de Fora,
fundada em 1926\". Então Juiz de Fora orgulhava-se de seus
pioneirismos gerando outros. Depois, uma avalanche de
\"modernismo e juventude\" assolou a Manchester Mineira, que
assistiu a depredação de seus próprios bondes, a demolição do
histórico e tradicional conjunto gótico do colégio Stella
Matutina e de sua capela e também não foi capaz de manter o
ramal ferroviário da Leopoldina até Filgueiras. Todas essas
\"omissões oficiosas\" no mandato de um só prefeito gerando maus
exemplos para outros. O Museu Mariano Procópio está fechado há
quatro anos por falta de verbas; o inacabado hospital regional,
sem verbas para conclusão de suas obras, enquanto alardeia-se a
construção de uma nova sede para o legislativo municipal. Então,
o que dizer sobre o Paraibuna? Apenas isto: que as suas águas,
por incrível que pareça ainda são mais puras do que a demagogia
política. Admiro o exemplo do escritor Asséde Paiva. Por falar
em água... água mole em pedra dura, tanto bate até que fura...
Asséde Paiva - Volta Redonda - RJ - 13/01/2013
Espero assim contribuir para que salvem o rio
Paraibuna. O rio que viu nossa juventude em Chapéu D'Uvas.
Miguel Ribeiro Gomide - Juiz de Fora - MG - 13/01/2013
As constantes e positivas manifestações do escritor Asséde Paiva
são válidas porque representam um brado de alerta em defesa da
preservação ecológica do município. A prefeitura de Juiz de Fora
precisa agir com desenvoltura e em tempo hábil na defesa dos
setores ambientais da Princesa de Minas. |
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